A imagem pode parecer repetida, mas o impacto do discurso de Willy Chavarria sobre latinidade cresce a cada temporada. No segundo desfile da marca na semana de moda masculina de Paris, que aconteceu nesta sexta-feira (27.06), o estilista estadunidense mergulha ainda mais em suas raízes mexicanas e irlandesas, homenageando a cidade onde nasceu: Huron, em Fresno, Califórnia.
Willy Chavarria, verão 2026 masculino.
Foto: Getty Images
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A apresentação se inicia com uma coreografia assinada pelo polonês Pat Boguslawski, responsável também pela performance da Ao som de “California Dreamin” (1965), do The Mamas and The Papas, modelos vestindo bermudas e camisetas brancas entram na passarela, sentam-se com as mãos para trás e a cabeça abaixada para o chão. O gesto faz alusão às ações do United States Immigration and Customs Enforcement (ICE), órgão responsável por fiscalizar, investigar e aplicar as leis de imigração e alfândega nos Estados Unidos. As ações do departamento se intensificaram desde o início do segundo mandato de Donald Trump, em 2025. Nos primeiros cem dias do novo governo, mais de 65 mil deportações foram registradas. Em junho, as prisões diárias ultrapassaram o número de 2.300 encarceramentos – um recorde histórico.
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Estas medidas afetam principalmente os imigrantes ilegais de países latino-americanos, o que acaba reverberando em Willy Chavarria de forma particular. Desde que abriu a sua marca homônima em 2015, o estilista reflete esta comunidade em peças de roupas. Os costumes amplos, uma assinatura da marca, aparecem ainda mais coloridos ou com estampas florais. Trench coats e calças amplas são feitas de tecidos acetinados e brocados. O molho de chaves pendurado no passante da calça, referência aos trabalhadores indocumentados, continua presente, assim como as camisas de gola pontuda, as bermudas volumosas e as meias altas.
A parceria com a Adidas segue firme e forte, com um novo drop de peças esportivas oversized – o jogador James Harden usa um dos looks da colaboração. A novidade fica por conta das versões coloridas dos tênis Megaride AG e Superstar, com o sobrenome do estilista estampado.
Willy Chavarria, verão 2026 masculino.
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A linha feminina expande, muito por conta da chegada da chefe de design Rebeca Mendoza, em setembro de 2024. Casacos longos, saias lápis e blazers de ombros arredondados são apresentados por modelos como Amelia Gray e Paloma Elsesser e a cantora Sevdaliza. O encerramento do desfile tem vestidos longos, ultravolumosos e com mangas bufantes, inspirados nas tradicionais quinceañeras – festas de debutante típicas da cultura latina. Em um dos looks-chave da coleção, a palavra América e a bandeira dos Estados Unidos aparecem de ponta cabeça.
A roupa de Willy Chavarria não é nova e nem pretende ser. Ela é um reflexo do estilo de uma população marginalizada há anos que, agora, ganha as passarelas de Paris com o reconhecimento que merece. No texto sobre a coleção, o estilista resume: “Esta é uma declaração de presença. Uma recusa em desaparecer. Um lembrete de que ninguém, além de nós, pode definir quem somos.”
Willy Chavarria, verão 2026 masculino.
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