Creatina: Mitos, verdades e benefícios para saúde e performance

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Apesar de ser considerada o suplemento alimentar mais estudado e seguro do mundo, a creatina ainda é cercada de mitos, tanto entre praticantes de atividade física quanto entre pessoas que não treinam. Uma busca rápida nas redes sociais, ou mesmo em rodas de conversa dentro e fora das academias, mostra dúvidas sobre ganho de peso, retenção de líquidos, efeitos colaterais e até mesmo relação com queda de cabelo.

“Grande parte das polêmicas sobre a creatina surgiu de interpretações erradas ou estudos antigos, que já foram esclarecidos por evidências mais recentes”, explica Nathalia Allende, médica especializada em Medicina Esportiva. “Hoje, sabemos que a creatina vai muito além da hipertrofia. Ela proporciona benefícios cognitivos, metabólicos e pode ser usada com segurança por diferentes públicos, inclusive por quem não treina”.

Confira a seguir cinco mitos e verdades sobre a creatina:

1. Creatina engorda?

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Mito. A creatina não aumenta gordura corporal. O que acontece, e é percebido principalmente nas primeiras semanas de uso, é um aumento da retenção de água intramuscular, o que pode refletir em 1 a 2 quilos a mais na balança. “Essa retenção é localizada dentro da célula muscular e está relacionada ao efeito osmótico do suplemento, que fica 95% estocado intramuscular, sem nenhuma relação com gordura corporal ou inchaço (que é o acúmulo de água) em outros tecidos do corpo. Então, esse ganho de peso não é prejudicial, mas resultado de maior volume muscular”, afirma a médica.

2. Faz mal para os rins?

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Mito. Diversos estudos já descartaram essa possibilidade em pessoas saudáveis. Um artigo de revisão publicado no Journal of the International Society of Sports Nutrition concluiu que não há evidências de que a suplementação de creatina cause danos renais em pessoas com função renal normal. “Esse mito surgiu porque a creatina pode aumentar um marcador chamado creatinina, mas isso não significa disfunção. É só uma consequência do metabolismo do suplemento, tendo outros parâmetros metabólicos mais específicos para verificar função renal que não sofrem influência da massa muscular e ou suplementação”, explica Nathalia.

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3. É indicada apenas para quem quer ganhar massa muscular?

Mito. Embora seja muito usada por quem deseja hipertrofiar, pelo seu mecanismo de geração de energia e consequente melhora da performance no treino, a creatina tem benefícios que vão além do ganho muscular. Estudos recentes apontam melhora da função cognitiva, especialmente em idosos e pessoas com dietas vegetarianas ou veganas, além de efeitos positivos em doenças neuromusculares, como Parkinson. “A creatina melhora o fornecimento de energia para as células, inclusive no cérebro. Isso abre um campo enorme de possibilidades para auxílio em diversos tratamentos”, afirma a médica parceira da Soldiers Nutrition.

4. Deve ser tomada com carboidrato para funcionar melhor?

Parcialmente verdade. O consumo de creatina com carboidratos pode aumentar sua absorção, mas o mais importante é manter o uso diário e contínuo. “A creatina tem efeito cumulativo. A regularidade importa muito mais do que o horário ou se foi tomada com suco ou shake”, reforça a especialista. A dose padrão continua sendo de 3 a 5g por dia, sem necessidade de ciclos ou pausas.

5. É segura para uso prolongado?

Verdade. A creatina é considerada segura mesmo com uso contínuo por anos, de acordo com instituições internacionais como a ISSN e a EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos). “Não há necessidade de ciclar o uso, nem de interromper após alguns meses. Pelo contrário: o uso regular tende a manter os estoques musculares mais elevados e os benefícios mais constantes”, orienta.

A creatina é hoje uma das substâncias mais seguras, eficazes e acessíveis no universo da suplementação. “A informação correta precisa circular com a mesma força que os mitos”, finaliza Nathalia Allende. “Quando usada com responsabilidade, a creatina pode ser uma grande aliada, tanto para praticantes de atividades físicas e atletas, quanto para pessoas comuns que buscam saúde e qualidade de vida”, finaliza a médica.

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