A partir dos 25 anos de idade, o colágeno – substância responsável por dar firmeza, elasticidade e resistência à pele – reduz progressivamente no organismo. Em busca de estimular a produção natural desta cobiçada proteína após esta fase, diferentes tratamentos dermatológicos são ofertados aos pacientes, entre eles, o ultrassom macro e microfocado, a radiofrequência e os famosos bioestimuladores de colágeno.
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O que são os bioestimuladores de colágeno?
“Eles são uma classe de produtos injetáveis, que estimulam a própria pele a trabalhar e fazer uma síntese de colágeno”, explica o dermatologista Rafael Tomaz, gerente médico da Galderma no Brasil. “Como o próprio nome indica, eles promovem um estímulo biológico para que o próprio corpo faça a produção dessa substância.”
Atualmente, são três os principais ativos injetáveis utilizados para ativar esta função no organismo. O poli-l-lático (presente no Sculptra), o hidroxiapatita de cálcio (Radiesse) e o policaprolactona (Ellansé). “Apesar de atuarem de forma semelhante ao comandar as células da pele a produzir colágeno, cada um possui características diferentes em termos de aplicação, tempo de ação e durabilidade dos resultados”, comenta o médico Pablo Vinicius Rodrigues de Morais, especialista em harmonização orofacial da clínica JK – Estética Avançada, em São Paulo.
A promoção da firmeza da pele é um dos grandes benefícios dos bioestimuladores.
Foto: Getty Images
A escolha do ingrediente escolhido, portanto, pode variar de acordo com o caso e a queixa específica de cada paciente. “Embora todos possam ser usados em várias áreas do corpo, alguns são preferíveis em zonas específicas. Por exemplo, o Radiesse é frequentemente usado no contorno mandibular. O Sculptra, em áreas corporais e faciais com flacidez difusa, e o Ellansé, quando se deseja um efeito mais estruturado”, continua Pablo Vinicius. No rosto, alguns dos pontos habituais de aplicação são as têmporas e a região lateral próxima à orelha.
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Quais são os principais efeitos dos bioestimuladores de colágeno?
“Quando injetadas, essas substâncias levam as células da pele a sintetizar mais colágeno, do jeito faziam nas primeiras décadas de vida. Com isso, a pele faz um resgate de sua firmeza. Começamos a visualizar uma redução da flacidez e das rugas, e uma melhora do viço e da textura. Dependendo da área de aplicação, também é possível observar um efeito lifting”, afirma o dermatologista Rafael. Pablo Vinicius, especialista da clínica JK, complementa que, em alguns casos, pode-se obter a redefinição dos contornos faciais.
“Todos podem ser beneficiados mas, hoje, recomendo o tratamento especialmente para pacientes que perderam peso de forma abrupta, induzidos por uma nova classe de medicamentos”, indica Rafael. Neste caso, os bioestimuladores de colágeno entram como um alternativa terapêutica para restaurar a espessura da pele e uma parte da sustentação do rosto, diminuída com a perda rápida de gordura.
“São pacientes que costumam ver uma mudança drástica no rosto, e que podem se beneficiar bastante com o tratamento, que pode ser realizado de forma preventiva. Com o tratamento precoce, feito antes ou durante o processo de emagrecimento, evitamos que ele note tais mudanças drásticas, contornando a sensação de ‘derretimento’ da pele antes que aconteça”, continua ele.
Os bioestimuladores são semelhantes ao preenchimento com ácido hialurônico?
“Eles têm em comum o fato de serem ativos injetados diretamente na pele, mas exercem funções distintas”, explica Rafael Tomaz. “Os produtos injetáveis de ácido hialurônico restauram volumes perdidos de forma imediata e são colocados em regiões onde se deseja projeção”, continua. Ela traz o exemplo de pessoas que têm o queixo retraído, e que, com o ácido hialurônico, conseguem inventar o quadro de forma estética, aumentando-o.
Bioestimuladores não funcionam da mesma forma que o preenchimento com ácido hialurônico.
Foto: Getty Images
“Já os bioestimuladores, além de serem partículas completamente diferentes, atuam de forma progressiva para gerar a firmeza da pele. Os resultados são vistos a partir de três meses após o procedimento.” Em geral, os bioestimuladores de colágeno não promovem uma mudança na estrutura da face, mas um efeito “plump” e um retorno à sua firmeza e contornos originais.
“É muito importante que o injetor faça uma avaliação do perfil facial do paciente. As técnicas de aplicação não são iguais para todo mundo. Existem pacientes com rostos finos, outros mais largos; alguns são alongados, outros não. Vivemos em um país de diversidade étnica e cultural, e é preciso respeitar a anatomia natural de cada indivíduo ao se planejar os pontos de aplicação”, continua o dermatologista.
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Quanto custa e quantas sessões são necessárias?
Cada bioestimulador possui um protocolo específico, e age em tempos diferentes. A ação do Sculptra, por exemplo, pode ser percebida a partir do terceiro mês e seguem ativas até 24 meses após sua aplicação, enquanto os efeitos Radiesse podem ser mais imediatos e duram por até 18 meses.
“A produção de colágeno tem um pico e, com o tempo, tende a diminuir naturalmente. Por isso, recomenda-se a manutenção anual ou semestral, a depender do tipo de bioestimulador, da idade do paciente e da resposta individual”, explica Pablo. Cada sessão custa, em média, entre 2 mil e 3 mil reais. Os valores, no entanto, variam de acordo com o produto escolhido e da quantidade de seringas utilizadas.
Há efeitos adversos?
O objetivo do injetor é garantir o mínimo possível de efeitos adversos, com destaque para a criação de nódulos. “Durante os primeiros dias, é preciso realizar uma massagem no rosto para garantir a distribuição uniforme do produto. Nesse período, é possível que o paciente sinta um desconforto leve no local de aplicação. Ali, também pode ser observada uma roxidão. Mas ambos somem com o passar dos dias”, avisa Rafael Tomaz. “Reações mais graves são raras, especialmente quando o procedimento é feito por profissionais experientes e capacitados”, finaliza Pablo Vinicius.
Os bioestimuladores são contraindicados para grávidas, lactantes e pacientes com infecções ativas ou com doenças autoimunes.