Quando Sasha Meneghel estreou com a Mondepars, , ela afirmou que queria apresentar ao público os produtos essenciais da marca – itens pelos quais desejava que a etiqueta ficasse conhecida, como o blazer, a camisa e a calça de alfaiataria, além de peças de streetwear. Hoje (11.06), durante a apresentação de seu inverno 2025, no Theatro Municipal de São Paulo, ficou evidente o amadurecimento do negócio.
Mondepars, inverno 2025.
Foto: Zé Takahashi
Mondepars, inverno 2025.
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A nova coleção abre com a modelo Carol Trentini na passarela, vestindo um blazer acinturado e quadril arredondado. Agora, a alfaiataria aparece com cintura ou ombros marcados. Há também mais peças feitas de tecido plano, como a blusa assimétrica com fecho de botão no ombro, capas e saias alongadas, que podem ser usadas de formas independentes. Aquela parcela streetwear segue à venda, mas não foi desfilada.
As golas e lapelas dos casacos e camisas ficam duplas. Em alguns casos, como nos crochês bicolores, o efeito dobradinho é da própria construção da peça, e não uma sobreposição. Em outros, como nos tricôs, é um recurso de styling mesmo. Há uma boa produção de jaquetas e sobretudos com um corte à la Claude Montana, avolumado na parte de cima. Vale dizer que, no esforço de reforçar uma assinatura, essas construções lembram mais o que se viu nas passarelas internacionais do que evidenciam sobre uma identidade distinta para a marca.
Mondepars, inverno 2025.
Foto: Zé Takahashi
Mondepars, inverno 2025.
Foto: Zé Takahashi
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A viagem sutil pelos anos 1980 e 1990, no entanto, sai do acervo de roupas da mãe. Xuxa está organizando os looks icônicos de sua carreira e, segundo Sasha, algumas ideias de desenvolvimento de produto passaram por esse closet dos sonhos. Isso fica visível nos vestidos-casacos que cobrem o corpo inteiro, nos decotes geométricos e nos abotoamentos retrô.
Outra experimentação discreta está nas texturas. É o caso das camurças, presentes nas roupas e nos sapatos loafer, a novidade da marca no campo de acessórios, para além das já existentes bolsas. Há itens com detalhes de couro trançado e tops, gravatas e bolsas esculpidas em madeira, que funcionam como efeito de passarela e não serão comercializadas – um aceno ao mobiliário modernista brasileiro.
Mondepars, inverno 2025.
Foto: Zé Takahashi
Mondepars, inverno 2025.
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O resultado é realmente de atenção ao acabamento e bom gosto na combinação de cores, como o cinza, marrom, vermelho e verde. É também preppy, no limite do conservador. Por isso, alguns pontos altos são aqueles em que se vê um pouco mais de pele, como nos vestidos de seda com abertura nas costas, ou nas propostas mais leves e jovens dos conjuntinhos de lã com shorts curtos.
Não à toa, é o momento em que os violinos da Orquestra Bachiana abrem espaço para o pandeiro tocar na trilha sonora e as tentativas mais audaciosas de design aparecem em corsets arquitetônicos, mesmo que nem todos sejam um completo acerto. Acontece que é no risco que a gente enxerga melhor o trabalho de alguém: quando não apenas se cumpre o protocolo, mas também erra e acerta.
Mondepars, inverno 2025.
Foto: Zé Takahashi
Ao som do maestro João Carlos Martins, tocando uma versão de “I’ve seen that face before”, de Grace Jones, a fila final do inverno 2025 da Mondepars revela que o bom aluno faz a lição de casa, mas também pode e deve se permitir uma ou outra rebelião.
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