Maison Margiela Artisanal, 2025

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Impossível dizer que , o novo diretor criativo da Maison Margiela, não fez seu dever de casa. Ele assumiu o comando criativo da Margiela em janeiro de 2025. John Galliano, seu antecessor, ocupou o posto por uma década, entre 2014 e 2024, e se despediu com um dos desfiles mais comentados dos últimos anos em janeiro do ano passado. Glenn herdou uma missão e tanto, mas se diz pronto para ela. Seu primeiro pedido, ao chegar ao ateliê, foi mergulhar nos arquivos para compreender a magia por trás da desconstrução idealizada por , fundador da casa.

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Maison Margiela, inverno 2025 alta-costura.
Foto: Divulgação

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Maison Margiela, inverno 2025 alta-costura

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Maison Margiela, inverno 2025 alta-costura

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Ambos nasceram na Bélgica e estudaram na mesma instituição, a Academia Real de Belas Artes da Antuérpia, separados por uns vinte e poucos anos. Glenn tem 42 anos, Martin, 68. Glenn já declarou, em diversas entrevistas, que o fundador da marca transformou toda a indústria da moda, muitas vezes sem receber o devido crédito. Ele quer honrar essa influência. Por isso, neste desfile, há referências diretas ao legado da casa.

A começar pela locação da apresentação que rolou nesta quarta-feira (09.07), que era a mesma do último desfile de Martin Margiela à frente de sua etiqueta, em 2008. Já o cenário, com as paredes cobertas por papel rasgado, remete a trabalhos do designer com o material ao longo de sua carreira, como as jaquetas do inverno 1997.

Martin também costumava cobrir ou esconder os rostos de suas modelos, muitas vezes com máscaras – recurso usado neste inverno 2025 de alta-costura. A explicação era manter o foco nas roupas. Glenn segue fiel a mesma lógica.

Maison Margiela, inverno 2025 alta-costura

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Foto: Divulgação

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Maison Margiela, inverno 2025 alta-costura

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No debut de Martin Margiela em Paris, na temporada de verão 1989, as primeiras modelos usavam apenas calças brancas com acabamentos simples e as mãos cobrindo os seios. O gestual dos visuais 1, 4 e 9 do desfile de hoje, com os braços cruzados na frente do corpo, lembram aqueles da estreia da grife. As mãos segurando as lapelas de paletós e casacos por meio de aberturas cumprem a mesma função.

Os corsets da última coleção assinada por John Galliano, o verão 2024 de alta-costura, marcam presença. Galliano não foi o primeiro a imaginá-lo para a Margiela: não tem como esquecer da peça em formato de manequim que o próprio Martin criou. Na versão de Glenn, o item afina a cintura, desenhando silhuetas propositalmente estranhas e até desconfortáveis – as modelos precisaram fazer aulas de respiração para usá-los. 

Maison Margiela, inverno 2025 alta-costura

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Os looks de plástico fazem alusão ao inverno 1992. Já a manipulação têxtil – domínio absoluto de Glenn e um dos pilares da Margiela – aparece em aplicações 3D, bordados opulentos e drapeados transparentes que envolvem blazers, vestidos e jaquetas e desenham o corpo. Imagens de papéis de parede com relevos pintados à mão são impressas em copiadoras e transformadas em jaquetas de motociclista.

Colagens de flores de natureza morta colorem plástico e são cortadas de forma tridimensional. O interior de golas é incrustado com cristais de estoque morto, enquanto camisolas vintage ganham estampas trompe l’oeil que imitam as pinceladas do pintor francês Gustave Moreau. A lista de técnicas por look descritas no texto entregue à imprensa é enorme.

Maison Margiela, inverno 2025 alta-costura

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A proposta da linha Artisanal, tida como a alta-costura da label, é usar materiais cotidianos para criar moda. A ideia é ressignificar (ou questionar) o que faz de um objeto luxuoso. Na atual coleção, algumas peças são construídas a partir de garimpos feitos na rede de brechós Guérissol, onde cada item custa apenas cinco euros. Os achados de segunda mão são tratados, alterados, cortados, costurados e reconstruídos para formar tecidos completamente novos.

Esta não é, no entanto, uma apresentação saudosista, que depende somente do passado para gerar impacto. Glenn Martens sabe da importância de injetar um pouco de si em uma estreia tão emblemática. 

Este é o ano dos grandes debuts nas maisons de moda, após uma intensa dança das cadeiras que virou a indústria de ponta-cabeça. O belga disse que gostaria de compreender os códigos da Margiela e trazê-los de volta ao mundo novamente. Ele faz isso com uma dose de exagero que dialoga com sua trajetória até aqui, criando uma interpretação própria do legado de desconstrução e subversão da marca que agora lidera. Gostando ou não da coleção, é impossível dizer que ele não cumpriu a missão.

Maison Margiela, inverno 2025 alta-costura

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