Série de cinco episódios marca a jornada do maior sino que badala do mundo, e explora contradições e obstáculos enfrentados. O documentário promove reflexões sobre fé e destaca a importância da chegada do Vox Patris. Esse momento se transforma em um dos maiores eventos religiosos, sociais e culturais da história recente do Brasil.
O badalar do maior sino católico do mundo ressoa com o lançamento da série documental Sino Peregrino – O Som da Esperança. O evento acontece no dia 24 de junho, terça-feira, às 19 horas, no Cineteatro Padre Jesus Flores. Essa estreia faz parte da programação oficial da Romaria do Divino Pai Eterno de 2025, em Trindade, Goiás. Durante a noite de estreia haverá coquetel e painel de debate. Em seguida, o primeiro episódio, intitulado O chamado, será exibido. O episódio terá exibição simultânea no canal da TV Pai Eterno, às 20h55.
A série de cinco episódios narra a extraordinária jornada do sino Vox Patris, que a Polônia criou. Ele passou por quatro mares, incluindo o Mar Báltico, antes de atravessar o Oceano Atlântico. O sino chegou ao destino final em Trindade, onde ficará exposto em um museu. Esse museu foi preparado para abrigá-lo até a construção da nova Casa do Pai. Posteriormente, o Vox Patris irá para o campanário da nova Basílica do Divino Pai Eterno. Além de registrar a façanha técnica e a logística desta travessia, o documentário promove reflexões sobre fé, transformação e identidade brasileira, especialmente conectada ao povo sertanejo e à cultura da Romaria do Divino Pai Eterno. É um projeto de forte valor simbólico, religioso, social e histórico, com potencial impacto nacional e internacional.
Reflexão e transformação: a jornada por trás do sino Vox Patris
A produção goiana e independente Sino Peregrino – O Som da Esperança grava a série documental em três idiomas (português, inglês e polonês) e reúne grandes nomes do mercado audiovisual para executá-la. A direção é de Teo Taveira, jornalista, ex-correspondente internacional da TV Record, comunicador e documentarista. O pré-roteiro é de Marcelo Canellas, jornalista com mais de 30 anos de carreira, autor do documentário da Boate Kiss – A Tragédia de Santa Maria, na Globoplay, e a produção executiva é de Elaine Camilo, ex-produtora especial da TV Globo.
A força simbólica do sino – superação e transformação – Dentro dessa história há momentos de luz e de sombra. A série retrata o fracasso da primeira fundição do sino e o drama da Operação Vendilhões, escândalo que quase acabou com o projeto.
“Em qualquer movimento social, cultural ou religioso, existem contradições, crises, capítulos difíceis, mas que também são importantes para reflexão e aprendizado”, avalia Teo Taveira.
“E nós, como documentaristas e jornalistas, estamos comprometidos em contar a história completa, não recortes dela, porque entendemos que o papel da comunicação é justamente esse: gerar transformação pela reflexão”.
O jornalista Marcelo Canellas conheceu a festa de Trindade fazendo uma série de reportagens especiais para TV Globo no começo dos anos 2000. Segundo ele, uma dessas expressões marcantes da cultura brasileira com a especial particularidade de ser uma devoção não a um santo, mas à figura de Deus.
“Dividi a série em cinco episódios. Em cada um deles distribuí os temas que considerei fundamentais para contar a epopeia do sino e explicar como um grupo de devotos, reunidos na casa de um casal de caboclos do século XIX, se transformou numa festa de multidões como é a festa de Trindade”, conta Marcelo.
Documentário aproxima fé e história dos romeiros ao Brasil e ao mundo
Posteriormente, a TV Pai Eterno exibirá todos os episódios, que também estarão disponíveis em plataformas digitais.
Padre Marco Aurélio Martins, reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, entende que o documentário será uma forma de aproximar o Brasil e pessoas de outras partes do mundo à potente experiência de fé ao Divino Pai Eterno que os romeiros celebram em Trindade. Devoção passada de geração em geração há 185 anos, desde que Constantino e Ana Rosa Xavier encontraram um medalhão com a imagem da Santíssima Trindade.
“É muito importante que isso se torne um documentário, contando a emoção das pessoas, a imagem daquilo que realmente elas experimentaram e vivenciaram ao longo destes anos e o porquê estamos aqui”, comenta o padre.
“Porque é de pai para filho que a história continua e a fé vai sendo celebrada e vivenciada a cada momento. Portanto, o documentário quer garantir a eternidade dessa devoção, desse amor do Pai Eterno que conhecemos em Trindade”, explica padre Marco Aurélio.
Fé, cultura e arte – Romeiros, carreiros, artistas, religiosos e operários do porto são os protagonistas dessa história que transforma vidas e carrega tradições seculares da maior romaria do Brasil. As entrevistas coletadas revelam o Brasil profundo, um povo de fé, de superação, de memória afetiva e cultura oral.
“Vamos abordar todas as conexões humanas, sociais, religiosas e culturais que compõem essa devoção. E ouvindo quem realmente viveu a história, não apenas porta-vozes, mas protagonistas reais de cada fato”, afirma Teo Taveira, diretor do documentário.
Arte e tradição goiana gravadas no sino Vox Patris
A cultura goiana e a história da Romaria do Divino Pai Eterno, a partir da descoberta do medalhão, estão presentes também nas gravuras forjadas no sino. Os designers pensaram em cada centímetro como uma obra de arte. O artista goiano Silvio Morais, responsável pelas gravuras, eternizou no bronze as raízes do povo goiano e do Cerrado. É arte sacra viva, com potência estética e emocional. “Os desenhos que foram aplicados na fundição do sino, foram pensados de forma a registrar o nosso contexto regional, do nosso Estado, da nossa cultura de Trindade e do povo goiano”, conta Silvio, que pretendeu mostrar a mais nobre representação do que se refere à representatividade do estado, com os animais, as aves e a vegetação do Cerrado, além, é claro, da devoção ao Pai Eterno de Trindade com a tradição dos carros-de-boi, segundo ele, “uma das maiores culturas religiosas do país”.
O artista se apropriou de elementos regionais como a flor do pequi e a flor do ipê.
“Com esses dois elementos eu criei o ornamento da parte superior do sino”. Silvio também fez um ornamento com a procissão de carros de boi.
“Eu achei por bem trazer essa cultura e deixá-la registrada no sino, uma cultura popular, do povo simples da zona rural”, se orgulha.
Os desenhos também trazem uma mensagem crítica sobre o desmatamento do Cerrado. É um alerta ambiental, lembrando que sem preservação da Casa Comum não há religião, fé ou cultura.
O sino Vox Patris carrega a simbologia da “Voz do Pai” — um chamado coletivo para um mundo em colapso. Ele representa fé, união, transformação. Em tempos de guerra, polarização e vazio espiritual, Vox Patris emerge como um sinal de reconexão e renascimento. O diretor Teo Taveira acredita que a grande mensagem da série documental é que a viagem do sino precisa ser também a viagem de quem assiste:
“Porque ouvir a voz do Pai não precisa ser, necessariamente, num sentido religioso. Pode ser simbólico. É a voz da reflexão. Todos precisamos dela, religiosos ou não. Precisamos refletir sobre o mundo, sobre as nossas atitudes, sobre como estamos nos relacionando com a natureza e com as outras pessoas”, arremata.
Resumo dos episódios da série
Episódio 1: O chamado – O sino surge como resposta ao colapso espiritual e social do mundo moderno, marcado por guerras, intolerância e crises ambientais. Além disso, traz uma introdução à simbologia do sino como A Voz do Pai, revela a história da cultura dos sinos no mundo e, por fim, destaca a urgência de se reconectar com o Divino.
Capítulo 2: O teste da fé – Traz o fracasso da primeira fundição do sino e, consequentemente, o drama da Operação Vendilhões, escândalo que quase encerrou o projeto. Contudo, a superação desses eventos virou símbolo de resiliência coletiva. Por isso, o sino nasce numa segunda tentativa, marcada por muita emoção e fé.
Episódio 3: A jornada – Mostra a complexa travessia do sino da Polônia ao Brasil, por rodovias europeias, mar e estradas brasileiras. Além disso, a série destaca conexões culturais entre Polônia e Brasil, como Auschwitz, João Paulo II e a tradição da fundição de sinos. Finalmente, o sino se despede da Europa e é recebido com emoção no Brasil.
Capítulo 4: A espera – Resgata a história do medalhão que deu origem à fé no Divino Pai Eterno. Ademais, a tradição dos carreiros é celebrada como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Também mostra a preparação espiritual e emocional dos devotos para a chegada do sino.
Episódio 5: A Voz do Pai – Relata a chegada definitiva do sino a Trindade, seguida da instalação no novo campanário. Em seguida, ocorre o primeiro toque do sino, que impacta profundamente as pessoas. Por fim, o encerramento acontece com muita emoção, fé e transformação coletiva.
Clique no link para assistir ao teaser >>> https://youtu.be/9mm9BKZMEqw



Fotos: Divulgação e Wesley Costa