Com o tempo seco, especialistas do Einstein Goiânia explicam como amenizar sintomas e alertam sobre quando procurar ajuda médica
Os meses de julho a setembro apresentam forte estiagem em Goiás, com calor e baixa umidade do ar, caracterizando o tempo seco e exigindo atenção redobrada com a saúde. Esse clima acentuadamente árido impacta diretamente as vias respiratórias, aumentando o risco de infecções e crises alérgicas, especialmente entre crianças, idosos e pessoas com enfermidades respiratórias crônicas. A ausência de chuvas e o ar seco tornam indispensável a adoção de medidas preventivas para proteger a saúde e o bem-estar.
A primeira delas é a vacinação. Nessa época do ano, espera-se aumento na circulação de patógenos respiratórios e, com isso, contágio entre as pessoas – por isso, a imunização em massa protege contra um surto de infecções, formas graves das doenças e reduz o risco de complicações. As vacinas mais importantes contra doenças infecciosas respiratórias são a da gripe (influenza), das infecções pneumocócicas e da COVID-19, além da coqueluche e da tuberculose.
Sinais de alerta nos pequenos
O tempo seco compromete os mecanismos naturais de defesa do organismo ao ressecar as mucosas respiratórias e prejudicar a função ciliar e a produção de muco. Isso abre caminho para infecções e crises de doenças como asma, rinite alérgica, bronquiolite, sinusites e até desidratação, especialmente em crianças que ingerem pouca água. Além disso, há maior propensão ao ressecamento da pele e irritação ocular.
Segundo o pediatra do Hospital Israelita Albert Einstein Goiânia, José Augusto Jr., devemos observar com atenção os sinais de desconforto respiratório em crianças.
“Quando o bebê usa a musculatura do pescoço ou barriga para respirar, são indicativos de esforço respiratório. Além disso, chiados, cansaço ao brincar, recusa alimentar e coloração arroxeada dos lábios são sinais de alerta”, explica o especialista.
Em bebês, os responsáveis devem redobrar a atenção, pois as vias aéreas são mais estreitas e a desidratação pode ocorrer com maior facilidade. A diminuição de fraldas molhadas, nariz constantemente entupido e sonolência excessiva podem indicar um problema mais sério.
Para minimizar os impactos do tempo seco nos pequenos, o cuidado com o ambiente é essencial. A principal orientação é manter os cômodos bem limpos e ventilados. É importante também incentivar a lavagem frequente das mãos, estimular a hidratação, umidificar os ambientes com toalhas molhadas, baldes de água ou umidificadores, além de manter a higiene nasal com soro fisiológico. O uso de ar-condicionado reduz ainda mais a umidade e, por isso, deve ser evitado.
Doenças respiratórias entre adultos
A pneumologista Daniela Campos, do Einstein Goiânia, ressalta que o tempo seco não afeta apenas crianças. Pessoas com asma, bronquite, rinite, dermatite ou urticária têm sintomas agravados nesse período.
“A baixa umidade, combinada com mudanças bruscas de temperatura e aumento de poluentes no ar, piora a condição das vias respiratórias. Por isso, é importante ajustar os tratamentos, usar um plano de crise respiratória e manter a prática de atividades físicas com cautela, evitando o período entre 10 e 16 horas, quando a umidade é mais baixa e a temperatura mais elevada”, orienta.
No ambiente doméstico, deve-se evitar produtos de limpeza com odores fortes, que podem desencadear crises em pessoas sensíveis, e manter janelas abertas e ambientes livres de poeira, tapetes, bichos de pelúcia e cortinas pesadas.
“A prevenção é simples: manter a medicação em dia, garantir boa hidratação, fazer lavagem nasal frequente e manter a higiene das mãos”, afirma Daniela.
Idosos sofrem mais
O tempo seco favorece a propagação de vírus respiratórios como influenza e SARS-CoV-2, principalmente devido ao ressecamento da mucosa das vias aéreas, que perde sua capacidade de defesa. Além disso, há maior tendência de permanência em ambientes fechados, o que aumenta o contato interpessoal e a transmissão viral.
“Infecções bacterianas como sinusites e pneumonias também se tornam mais frequentes como complicação de quadros inicialmente virais que foram mal resolvidos”, explica a médica infectologista Priscilla Sawada, do Einstein Goiânia.
A especialista reforça que idosos e imunossuprimidos são os mais vulneráveis a essas complicações. Eles têm menor resposta imune e, muitas vezes, doenças preexistentes que agravam a situação. Evitar aglomerações, usar máscara em locais de risco e garantir a hidratação são atitudes preventivas.
“Tosse seca, espirros e irritação na garganta são mais comuns com o ar seco. Já febre, mal-estar e secreção nasal amarelada indicam infecções virais ou bacterianas, exigindo avaliação médica”, finaliza.

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