Paleta neutra é marca de projeto de apartamento assinado por Arthur Casas

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Poucos tons escuros sobres­saem na cartela elegante de cores imaginada por Arthur Casas para este apartamen­to de 335 m², em São Paulo, em um prédio também assinado por ele, no qual adotou um desenho de linhas minimalistas conectado à paisagem ur­bana pela transparência. Grandes panos de vidro criam uma divisória tênue entre o interior e o exterior. Já a estrutura de cobogós na fachada filtra o excesso de claridade pelos ambientes, saturando um pouco mais a coloração suave.

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No living, o sofá Fusca, de Arthur Casas para a Micasa, é abraçado por um aparador de terrazzo, o mesmo material do piso, que apoia a escultura da artista Liuba Wolf.
Foto: Fran Parente

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Do lado de dentro, cada centímetro foi planejado para um morar tranquilo, onde contemplar a arte, os encontros e a vida é primordial. “Os clientes desejavam vi­ver em espaços integrados para receber os amigos e a família especialmente os ne­tos, nos fins de semana , além de quartos de hóspedes versáteis, que pudessem virar escritórios no dia a dia”, revela Arthur. Seguindo essa premissa, o arquiteto criou ambientes de convivência fluidos e acolhe­dores, em perfeito diálogo com a coleção de arte do casal, construída ao longo dos anos, e o verde das árvores ao redor. A ideia era garantir que as obras tivessem um merecido protagonismo na decoração, as­sim como têm na história dos moradores.

Arthur Casas

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Ladeada por poltronas Sênior Metal, de Jorge Zalszupin, a mesa Rino, criada pelo arquiteto para a Etel, se destaca na sala de jantar.
Foto: Fran Parente

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Com materialidade forte, inspirada na laje e em pilares de concreto aparente da estrutura do prédio, a proposta buscou justamente o equilíbrio entre a estética contemporânea e uma atmosfera aconche­gante. “A luz natural, a natureza e a arte foram elementos estruturantes desde o início e cada decisão foi pensada para re­forçar a sensação de continuidade e acolhi­mento”, detalha o profissional.

Arthur Casas

Outros destaques da sala de estar (à esq.) são o carrinho de chá JZ (Etel), de Jorge Zalszupin e a luminária de piso Grasshopper (Gubi)
Foto: Fran Parente

Entre os materiais, destaca-se o terraz­zo Santa Margherita, de coloração clara, usado para compor a integração visual de todo o living. O revestimento sobe do piso à metade da parede, chegando até o mobi­liário de um jeito inovador. Presente em painéis e na marcenaria, a madeira com­plementa o o rico leque de texturas e ate­nua a dureza e frieza da pedra.

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Em sintonia com a arquitetura, o de­sign de interiores foi definido com foco na continuidade dos materiais. “Mobiliário autoral e peças de design complementam as obras de arte, criando uma atmosfera convidativa”, explica o arquiteto. Ao mo­ver a maçaneta vintage dos anos 1950 da porta de entrada e seguir pelo hall, é im­possível não se impressionar com a ampli­tude da área social, quase monocromática, e a vista do skyline paulistano. Tudo é um bálsamo para os olhos e o espírito.

Arthur Casas

Obra de Artur Lescher, em primeiro plano.
Foto: Fran Parente

No living, o sofá Fusca, criação de Arthur Casas, é abraçado por um apa­rador feito sob medida com o mesmo terrazzo do piso. Sobre ele, repousa uma escultura da artista búlgara radicada no Brasil Liuba Wolf, que parece brotar do móvel. O espaço também é pontuado por obras de Artur Lescher, Renata Lucas e Markus Linnenbrink, além de peças de design brasileiro, a exemplo do banco Shops e da mesa lateral Bala Soft, criações do arquiteto, e o carrinho de chá JZ, um ícone de Jorge Zalszupin.

Arthur Casas

O espaço gourmet ganhou mesa de prancha metálica em balanço com banquetas Jupiter, de Johanson Design.
Foto: Fran Parente

Posicionada ao lado do living, a sala de jantar ganhou um interessante jogo de formas e texturas, onde se destacam móveis de linhas orgânicas, como a mesa Rino, assinada por Arthur, ladeados pelas poltronas Sênior, de Jorge Zalszupin. Na parede, a superfície espelhada da obra de Ana Maria Tavares rouba a cena. Em uma caixa de madeira clara, com uma de suas faces aberta para o estar, foi instalado o espaço gourmet, com painéis de marce­naria que ocultam um conjunto comple­to de equipamentos luxuosos, escolhidos para o bem-receber.

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Arthur Casas

Acima, detalhes do quarto.
Foto: Fran Parente

No momento ideal, tudo pode ser re­velado com o objetivo de trazer conforto e aproximar anfitriões e convidados, aco­modados ao redor de uma mesa de metal em balanço, que reforça a ideia de fluidez. Um corredor conecta o living à área ínti­ma e foi transformado em uma galeria de arte particular, ao ser envelopado por ma­deira e terrazzo. Na altura em que os dois revestimentos se encontram, uma estante metálica acomoda exemplares de Leon Ferrari e Daniel Senise, destacados por uma iluminação focal.

Arthur Casas

Acima, banheira assinada por Arthur Casas para a Vallvé.
Foto: Fran Parente

Ao chegar aos quartos, a harmonia da paleta clarinha se mantém, mas o terrazzo dá lugar ao piso de madeira engenheirada de carvalho europeu, escolhido para aque­cer o visual. A suíte máster recebeu trata­mento especial, com uma iluminação in­timista, elaborada por meio de uma sanca que reflete luz na laje de concreto aparente.

Do micro ao macro, tudo no projeto leva a assinatura de Arthur. De acordo com o arquiteto, a coerência entre as diferentes escalas é essencial para um bom resultado e o apartamento exemplifica isso. “A arqui­tetura, os interiores e o desenho de mobi­liário são elementos compreendidos sepa­radamente como partes fundamentais de um todo. Ter tamanha familiaridade com os detalhes nos permite uma entrega ainda mais coesa, com unidade de linguagem e identidade consolidada”, conclui.

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