Óleo vegetal no cabelo: uma guia de qual opção escolher e como usar

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A prática de aplicar óleo vegetal no cabelo é milenar. Você já deve ter ouvido, por exemplo, que culturas asiáticas, como a japonesa e indiana, utilizam certos tipos unções da raiz ao comprimento como forma de promover a circulação sanguínea e gerar proteção contra danos ambientais, de maneira a fortalecer os fios. “Os óleos vegetais podem desempenhar diferentes funções nos cuidados capilares, dependendo da sua composição lipídica e do tipo de cabelo”, explica a dermatologista Lilian Brasileiro, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. 

A prática de aplicar óleos vegetais no cabelo é tradicional em certas culturas.
Foto: Instagram/@fableandmane

A principal função do óleos é atuar como um agente emoliente e oclusivo, ou seja, colaborar para maciez geral e criar uma espécie de barreira que manterá a integridade e saúde dos fios. “Eles auxiliam na reposição lipídica da haste capilar, aumentam o brilho, melhoram a maleabilidade e podem reduzir a porosidade”, explica a médica.

Mas certos tipos de óleos vegetais podem ter efeitos adicionais, como ação antioxidante. “Alguns podem também contribuir para o microbioma do couro cabeludo e modular processos inflamatórios, em casos de dermatite seborréica ou psoríase.” 

Mas é preciso cautela: “ser vegetal ou natural não significa ser hipoalergênico”, alerta Heloísa Pascotto. Conhecida como “Tia Helô” nas redes sociais, a bioquímica com 20 anos no setor de pesquisa e desenvolvimento na indústria de cabelos, agora traduz sua expertise em conteúdos acessíveis para o consumidor final. “Nem todos são seguros para serem usados diretamente na pele, uma vez que podem causar efeitos adversos, como alergias ou sensibilidades”, continua. Por isso, a recomendação é buscar indicações médicas para entender sua demanda específica e também fazer testes de aplicação para um uso seguro. 

Usos do óleo vegetal no cabelo  

Existem diferentes maneiras de usar o óleo vegetal no cabelo. Uma delas é a famosa umectação. Para isso, o óleo deve ser aplicado antes da lavagem e deixado sobre os fios em um intervalo de tempo que pode ir de 30 minutos até duas horas. “Essa técnica permite minimizar o impacto detergente do shampoo, essa técnica ajuda a minimizar o impacto detergente do shampoo, protegendo a cutícula e promovendo brilho e maleabilidade”, comenta a dermatologista Lilian Brasileiro. 

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Foto: Getty Images

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Para quem já tentou o processo e não gostou dos resultados, Heloísa aconselha a umectação inversa. Nela, você segue o processo de limpeza normal com a aplicação do shampoo seguida pelo condicionador ou máscara. Quando o cabelo ainda estiver com o produto condicionante, adicione algumas gotas de óleo vegetal sobre o comprimento, envelopando cada mecha. “Deixe agir pelo tempo indicado na embalagem do condicionador (ou máscara) e, em seguida, enxágue.”

Outra possibilidade de uso é sobre o couro cabeludo, prática conhecida como hair oiling. O segredo aqui é aplicar uma pequena quantidade do ingrediente e realizar uma massagem suave na região. O tempo de atuação também deve ser menor e atingir no máximo 20 minutos. “É preciso seguir com a lavagem para fazer uma remoção completa do óleo e, assim, evitar a obstrução do folículo capilar”, salienta Lilian. 

De acordo com a dermatologista, esta prática deve ser seguida somente para casos de ressecamento, quando a produção de sebo é insuficiente para hidratar a região. “Nestes casos, óleos com propriedades anti-inflamatórias, estimulantes e vasodilatadoras são as mais indicadas”, avalia.

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Foto: Getty Images

Para remover o óleo com maior facilidade do couro cabeludo, Heloísa aconselha o uso de um produto emulsionante antes do shampoo, como é o caso dos limpadores à base de óleo – os famosos “óleos de banho”. “Antes de entrar no chuveiro e com cabelo ainda seco, mas já com o óleo vegetal aplicado, você passa uma pequena quantidade do óleo de banho.Em contato com a água, este produto vai gerar uma emulsão, um líquido esbranquiçado, que conseguirá remover excesso de óleo sem retirar seus benefícios”. Em seguida, você poderá seguir com seu shampoo de costume. 

Esta prática, acrescenta Heloísa, permitirá que você sinta seus cabelos mais limpos e soltos após o uso do óleo vegetal no cabelo e couro cabeludo. “No Japão, por exemplo, já existem marcas que fazem shampoo em óleo, mas aqui no Brasil ainda vemos produtos para este tipo de emulsão”, diz. 

Como escolher o óleo vegetal para cada cabelo? 

Escolher o óleo vegetal é um processo personalizado que deve ser indicado por um profissional competente. “É preciso respeitar as características individuais de cada couro cabeludo e seu perfil de oleosidade, bem como as demandas da haste capilar. Além disso, é preciso ter cautela com paciente de pele sensível, tendência à acne ou doenças do couro cabeludo”, ressalta Lilian Brasileiro. 

No entanto, uma recomendação geral para usar óleo vegetal no cabelo é buscar opções ricas em ácidos graxos, como o linoleico, oleico ou palmítico, uma vez que eles são semelhantes aos óleos que compõem as camadas dos fios e que são perdidos quando o cabelo sofre algum tipo de dano – seja por coloração, alisamento ou uso intenso de ferramentas térmicas. 

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É importante saber escolher o melhor óleo vegetal para o seu tipo de cabelo
Foto: Instagram/@actandacre

Além disso, é possível agrupar recomendações gerais para cabelos secos e cabelos oleosos, que têm diferentes necessidades. “Cabelos secos se beneficiarão de óleos mais ricos em ácido oleico, que são muito nutritivos. No entanto, estes devem ser evitados em pessoas com o couro cabeludo oleoso ou tendência à dermatite. Nestes casos, o ácido linoleico, que têm menor potencial comedogênico, são preferíveis”, explica a dermatologista. 

Exemplos práticos para cabelos oleosos são o óleo de jojoba, com composição semelhante ao sebo humano; o óleo de semente de uva, que é leve, antioxidante e anti-inflamatório; o óleo de chá verde, que possui ação adstringente e anti bacteriana, e o óleo de cacay (sim, o y!), que pode colaborar para controlar a oleosidade. 

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Já para cabelos ressecados ou danificados, que passaram por processos químicos, a dica são os óleos densos como o de coco, que reduz a perda de proteína; o óleo de abacate, perfeito para uma nutrição intensa e rico em vitaminas A, D e E; o óleo de argan, que é antioxidante, melhora o brilho e reduz o frizz; o óleo de macadâmia, que é rico em ácido palmitoleico e colabora para a saúde de fios quebradiços; o óleo de camélia, de rápida absorção; e o brasileiro óleo de licuri, com altas concentrações de ácido láurico, que o dá uma ação antimicrobiana, além de reduzir frizz e volume. 

Propriedades dos principais óleos vegetais

Para facilitar sua busca, trazemos um guia com as principais propriedades dos óleos vegetais mais utilizados. Consulte sempre que precisar –  e sem restrição! 

Óleo de jojoba: um óleo com composição lipídica semelhante ao sebo humano, que pode colaborar para regular a produção sebácea, sendo útil tanto em casos de oleosidade excessiva quanto em couro cabeludo ressecado. Ele também auxilia no equilíbrio do microbioma e possui baixo potencial comedogênico, ou seja, é seguro para aplicação no couro cabeludo.

Óleo de semente de uva: por ser extremamente leve e não comedogênico, é indicado para fios finos e cabelos oleosos, podendo ser usado no couro cabeludo com tendência à sensibilidade ou dermatites leves. Além disso, é  rico em vitamina E e compostos fenólicos como o resveratrol, com potente ação antioxidante e anti-inflamatória.

Óleo de coco: queridinho do público, ele também apresenta maior nível de evidência científica em relação à sua eficácia em hidratação e emoliência capilar. Este óleo penetra profundamente na fibra capilar devido a sua estrutura de ácidos graxos de cadeia média (principalmente ácido láurico), reduzindo a perda proteica e a fragilidade dos fios. É mais indicado para cabelos ressecados ou danificados. 

Óleo de abacate: indicado para cabelos ressecados, apresenta alto teor de vitaminas lipossolúveis (A, D, E), que conferem propriedades nutritivas profundas. Promove uma ação reparadora sobre a haste capilar, especialmente em fios porosos, quebradiços ou submetidos a processos químicos, melhorando a elasticidade e a maleabilidade do fio.

Óleo de argan: também mais indicado para fios secos, esta opção é fonte rica de tocoferóis, carotenos e ácidos graxos essenciais. Atua como um potente antioxidante, promovendo proteção contra agressões térmicas e ambientais, reduz frizz, confere brilho e melhora o toque superficial dos fios.

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