Anafilaxia é o tema da Semana Mundial da Alergia 2025, que ocorre entre 29 de junho e 5 de julho
Anafilaxia é uma reação alérgica grave e potencialmente fatal, caracterizada por sua rápida e intensa manifestação. Ela é uma resposta extrema do sistema imunológico a substâncias inofensivas, desencadeando reações em todo o corpo. Geralmente, ocorre em minutos após contato com alérgenos como alimentos, picadas de insetos, medicamentos ou látex. Entre os sintomas estão dificuldade para respirar, inchaço na boca, língua ou rosto, formação de placas avermelhadas na pele ou urticária.
Para chamar atenção para o problema, a anafilaxia foi escolhida como tema da Semana Mundial da Alergia, organizada pela Organização Mundial de Alergia (WAO). Além disso, a campanha ocorre entre os dias 29 de junho e 5 de julho, mobilizando instituições de saúde em diversas partes do mundo. Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), o número de internações por choque anafilático mais que dobrou no Brasil nos últimos 10 anos. Por isso, a entidade reforça a importância do diagnóstico precoce e da educação da população sobre os riscos das reações alérgicas graves. Em 2024, o Ministério da Saúde, por meio do SIH/SUS, contabilizou 1.143 casos de choque anafilático no Brasil. Desse modo, o número representa um aumento de 107% em comparação com o ano de 2015, evidenciando a crescente gravidade do cenário nacional.
A alergista e imunologista Maria Letícia Chavarria atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, e acompanha casos de anafilaxia com frequência. Nesse contexto, ela cita algumas reações que pessoas com anafilaxia podem apresentar, como coceira intensa, queda de pressão, inchaço facial e dificuldade para respirar.
“Os mais frequentes são coceira, vermelhidão, presença de placas ou manchas e inchaços na face, congestão nasal, espirros, sensação de sufocação ou aperto na garganta, rouquidão, tosse, chiado no peito ou falta de ar. Outros que podem ocorrer são náuseas e vômitos intensos, cólicas e diarreia, queda da pressão arterial, com ou sem desmaio, tontura, dor de cabeça, crises convulsivas e confusão mental”, elenca.
Prevenção e tratamento
Para prevenir a anafilaxia deve-se bloquear o contato com os elementos que podem desencadear a reação alérgica, como alimentos, medicamentos, produtos químicos ou insetos.
“Os sintomas da anafilaxia iniciam-se imediatamente após o contato com a substância alergênica, evoluindo rapidamente, geralmente dentro de uma hora. A primeira hora após o surgimento dos sintomas é fundamental para o tratamento, pois a maioria dos casos de fatalidade ocorre nesse período, se não tiver atendimento médico rápido”, pontua a especialista.
As canetas de adrenalina oferecem o tratamento mais rápido para uma pessoa em crise anafilática, mas nenhuma farmácia vende o produto no Brasil, e o paciente precisa importá-lo.
“Contudo, após anos de luta, conseguimos através do Projeto de Lei 85/2024 que a caneta de adrenalina autoinjetável seja distribuída pelo SUS no Brasil. Atualmente a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aguarda a solicitação de registro do dispositivo por parte de alguma empresa para que possa avaliar a aprovação”, explica Maria Letícia Chavarria, que é presidente da Regional Goiás da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai-GO).
Enquanto a caneta ainda não chega às farmácias brasileiras, quem presenciar uma possível anafilaxia deve acionar o Samu (192) ou os Bombeiros (193), pois os profissionais prestam atendimento com ampolas de adrenalina no local.
“Até os socorristas chegarem deixe o paciente em posição confortável e segura, se possível deitado de barriga para cima, com as pernas elevadas e mantenha as vias aéreas desobstruídas. Se a pessoa estiver vomitando, vire a cabeça de lado”, orienta a médica alergista e imunologista.
