A história da marca Meninos Rei começa longe das passarelas, no coração de Salvador, Bahia. Criados no Subúrbio Ferroviário, região marcada pela potência cultural e pela forte presença da população negra, os irmãos Céu e Júnior Rocha cresceram imersos na riqueza de sua ancestralidade. Desde cedo, inspirados pela mãe, costureira de mão cheia, descobriram o poder de transformação do tecido e a ideia de que roupa é afeto, história e identidade.
O Nascimento da Marca
Em 2015, movidos pelo desejo de criar peças que representassem sua vivência, os irmãos começaram a produzir roupas próprias. O resultado foi imediato: peças únicas, com ousadas combinações de estampas e cortes inovadores, que chamaram atenção de amigos, conhecidos e, rapidamente, do público. Assim nasceu a Meninos Rei, um nome-manifesto que afirma a nobreza e a autoestima dos “meninos” – homens negros historicamente invisibilizados ou estereotipados.
Estilo e Identidade
Com uma assinatura marcada pelo tecido africano, patchwork e Afrofuturismo, a Meninos Rei se consolidou como uma identidade visual inconfundível. Mais do que usar o tecido, os irmãos o ressignificam: desconstruindo e reconstruindo narrativas em cada combinação de retalhos, contando histórias da diáspora e da mistura de culturas. Suas silhuetas arrojadas e muitas vezes agênero carregam a influência do Afrofuturismo – uma visão em que tecnologia e cultura negra se fundem para criar uma estética de poder, inovação e celebração.
Conquista Nacional
O grande ponto de virada para a Meninos Rei foi sua chegada ao São Paulo Fashion Week (SPFW). Mais que um desfile, suas apresentações se tornaram eventos culturais: com casting majoritariamente negro, trilhas sonoras que exaltam a música baiana e uma energia contagiante. Meninos Rei levou a Bahia, com toda sua potência e axé, para o centro do debate fashion nacional.
Mais que Moda: Um Movimento
Hoje, a Meninos Rei transcende o status de marca de sucesso e se afirma como símbolo de representatividade e empoderamento. Céu e Júnior Rocha mostraram que é possível conquistar relevância nacional e internacional sem abrir mão das raízes. Com suas coleções, continuam a criar narrativas que celebram a ancestralidade, a beleza negra e a afirmação de que todo menino pode ser um Rei.