Manchas avermelhadas, pele ressecada, descamação e coceira. Se você já teve esses sintomas, é bem possível que tenha se perguntado: estou com eczema ou psoríase? Apesar de causarem manifestações visivelmente parecidas na pele, as duas condições têm causas distintas, tratamentos diferentes e impactos específicos na qualidade de vida.
Para esclarecer essas dúvidas, ELLE conversou com a dermatologista Lilia Guadanhim, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e especialista em cosmiatria, que explicou os sinais de alerta, as particularidades de cada quadro e os avanços no tratamento de eczema ou psoríase.
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O que é eczema?
De acordo com a dra. Lilia, “eczema, também chamado de dermatite, é uma inflamação da pele que pode se manifestar de diversas formas: com coceira, vermelhidão e descamação”. Entre os tipos mais comuns estão a dermatite atópica, dermatite de contato, dermatite seborreica e o eczema asteatósico, causado por ressecamento extremo da pele.
A dermatite atópica, por exemplo, está ligada à predisposição genética e é mais comum na infância, embora possa persistir por toda a vida. Já a dermatite seborreica está relacionada à produção de sebo e tende a aparecer principalmente no couro cabeludo e face.
“O tratamento do eczema depende da causa específica. Costumo dizer que é preciso conhecer o nome e o sobrenome da condição para indicar a abordagem correta”, afirma a especialista. Em geral, envolve o uso de hidratantes específicos, banhos mornos e rápidos, sabonetes suaves, e, em momentos de crise, cremes com corticoides ou medicamentos sistêmicos.
E o que é psoríase?
A psoríase é uma doença inflamatória crônica que envolve o sistema imunológico. Nesse quadro, o corpo acelera demais o processo de renovação da pele, levando à formação de placas espessas e esbranquiçadas, com base avermelhada. As lesões aparecem frequentemente nos cotovelos, joelhos e couro cabeludo, mas podem surgir em qualquer parte do corpo, inclusive nas unhas.
“Diferente do eczema, a psoríase tem um caráter autoimune e, por isso, não tem cura. No entanto, o controle da doença tem avançado muito nos últimos anos com novos medicamentos, mais seguros e eficazes”, explica a dra. Lilia. Hoje, o tratamento pode variar desde cremes tópicos com ação anti-inflamatória até medicamentos orais ou injetáveis, que atuam de forma mais precisa no sistema imunológico.
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É importante reforçar que a psoríase não é contagiosa. Além disso, em alguns casos, pode atingir também as articulações, o que é conhecido como artrite psoriásica.
Eczema ou psoríase: como diferenciar?
Segundo a dermatologista, embora as duas doenças tenham manifestações semelhantes, há diferenças importantes. “No couro cabeludo, às vezes é difícil distinguir entre dermatite seborreica e psoríase. Em alguns casos, usamos até o termo ‘seborríase’, que representa um quadro intermediário entre os dois”, comenta.
No restante do corpo, a localização, a espessura das lesões e o grau de coceira ajudam na diferenciação. “Eczemas costumam provocar mais prurido. Já na psoríase, a coceira é menos intensa e as lesões são mais bem delimitadas e espessas. Além disso, a psoríase pode evoluir com dores articulares, o que não acontece com os eczemas”, completa a especialista.
Qual é o prognóstico?
Eczema ou psoríase não têm uma resolução simples. No caso da psoríase, o controle é vitalício, mas bastante viável com os tratamentos atuais. Já os eczemas podem ter cursos diferentes. Alguns, como o asteatósico, são mais fáceis de manejar; outros, como a dermatite atópica, exigem atenção contínua.
Em ambos os casos, o diagnóstico precoce e o acompanhamento com um dermatologista são fundamentais. “O ideal é procurar um especialista, de preferência membro da SBD, para avaliar corretamente a condição e definir o melhor plano terapêutico”, orienta Lilia.
De modo geral, eczema ou psoríase são condições que merecem atenção e cuidados adequados. Embora visivelmente semelhantes, têm origens distintas e demandam abordagens personalizadas. Ao notar sinais como vermelhidão persistente, descamação e coceira, procure um dermatologista. Com diagnóstico correto e tratamento adequado, é possível manter a saúde da pele (e a autoestima) em dia.