Durante o inverno, é comum perceber mudanças na textura e aparência da derme — e, para quem já convive com a pele seca, os incômodos costumam aumentar. A combinação de temperaturas mais baixas, clima seco e banhos quentes agrava ainda mais a condição, tornando fundamental adotar uma rotina de cuidados mais específica. Segundo a médica dermatologista Patricia Nakahodo, a pele seca no inverno exige atenção redobrada, pois a tendência ao ressecamento não apenas se intensifica, como pode desencadear complicações dermatológicas.
Em primeiro lugar, é importante diferenciar a pele seca da desidratada. De acordo com a médica, a primeira é, geralmente, constitucional, ou seja, a pessoa já possui uma menor produção das glândulas sebáceas, o que resulta em uma pele mais fina, opaca e com sensação constante de ressecamento. “Já a pele desidratada, apesar de também parecer opaca, tem como característica marcante a sensação de repuxamento. Ela pode até ser oleosa, mas está sem hidratação adequada”, explica a especialista.
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No inverno, os fatores externos potencializam esses quadros. Além do clima seco e dos banhos quentes e demorados, o uso excessivo de sabonetes e a aplicação de ácidos ou esfoliantes estão entre os principais agravantes da pele seca durante a estação. Patricia destaca que regiões como as pernas são frequentemente afetadas, mas qualquer parte do corpo, inclusive o rosto, pode apresentar sinais de desidratação.
Além do desconforto estético, o ressecamento intenso pode levar ao desenvolvimento de condições clínicas, como a dermatite xerótica, uma inflamação causada diretamente pela falta de hidratação. Pacientes com doenças dermatológicas pré-existentes, como dermatite atópica, rosácea e psoríase, também costumam sofrer com a piora dos sintomas nessa época do ano.
Segundo a dermatologista, a principal orientação é ajustar a rotina de cuidados com a pele. Isso começa pela substituição do sabonete comum por óleos de banho, que ajudam a manter a integridade da barreira cutânea. Esfoliações e ácidos devem ser evitados, assim como buchas corporais e faciais. “O uso de ácido na face deve ser feito apenas com acompanhamento dermatológico”, reforça a médica.
A hidratação, é claro, ganha protagonismo. A recomendação é investir em hidratantes com fórmulas mais densas e potentes. Ingredientes como ureia, lactato de amônio, ceramidas e ácido hialurônico são altamente indicados para combater a pele seca no inverno. O ideal é aplicar o produto logo após o banho, quando a pele ainda está úmida e o vapor ajuda a potencializar a absorção dos ativos.
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Outra dica valiosa é caprichar na quantidade de produto. “Tem que deixar uma camada espessa, até esbranquiçada, e deixar a pele absorver. Passar pouca quantidade ou usar hidratantes que são apenas perfumados não resolve quando a pele está muito ressecada”, alerta a dra. Patricia.
A hidratação interna também não deve ser negligenciada. Embora a água ingerida não vá diretamente para a pele, ela é essencial para o bom funcionamento do organismo e contribui para o equilíbrio das glândulas responsáveis pela produção de óleo natural.
Tratamentos para a pele seca no inverno
Para quem busca um tratamento mais profundo ou quer prevenir os sinais de opacidade e envelhecimento precoce, existem procedimentos dermatológicos eficazes. Skinboosters injetáveis, lasers, radiofrequência monopolar, microagulhamento, aplicação de exossomos e hidratação facial com tecnologia (como o HydraFacial) são algumas das alternativas que podem ser indicadas, sempre com avaliação individualizada.
Consultar um dermatologista é essencial para identificar corretamente o tipo de pele, as causas do ressecamento e o tratamento mais adequado. Com orientação profissional e os cuidados certos, é possível passar pelo inverno com a pele saudável, nutrida e longe dos incômodos causados pela desidratação.