A Schiaparelli abriu a temporada de alta-costura de inverno 2025 na manhã desta segunda-feira (7.07). Desde 2019, quando assumiu a direção criativa da casa, Daniel Roseberry trabalha em cima dos arquivos da fundadora, Elsa Schiaparelli, como a proximidade dela com as artes, o surrealismo de suas criações e o trompe-l’oeil na moda, uma técnica que cria ilusão de óptica.
Schiaparelli, inverno 2025 alta-costura.
Foto: Divulgação
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Há pelo menos duas temporadas, no entanto, o estilista adiciona um pouco mais de si na marca. , por exemplo, ele quis tratar de um futurismo barroco, questionando porque o futuro não pode ser imaginado de um jeito ultradecorado e extravagante. , incluiu suas origens texanas, com cintos de fivelas imponentes e botas altas. O contexto é importante para entender como, dentro de uma casa centenária e com tanta história, é preciso tempo e maturação para se permitir projetar construções mais autorais.
Na alta-costura de inverno 2025, Daniel preserva vários símbolos de Elsa Schiaparelli. São detalhes como os botões com imagens de partes do corpo e lenços bordados com fitas métricas. O look final faz referência à capa Apollo of Versailles, criada pela estilista em 1938, com a imagem do deus Sol da mitologia grega conduzindo uma carruagem. Vem daí também o corset em formato de sela de cavalo no visual 26. Já a tal da ilusão de óptica está presente no look 14, com cabochões pintados à mão e que formam olhos abertos, e no look 24, com o tronco feminino moldado nas costas.
Schiaparelli, inverno 2025 alta-costura.
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Schiaparelli, inverno 2025 alta-costura.
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Acontece que há também propostas de Daniel para ampliar esse repertório de arquivos. Segundo ele, no texto sobre a coleção entregue à imprensa, abre aspas, “é uma vontade de criar vestidos sem espartilhos e modeladores”, fecha aspas. Isso se dá em longos de cetim e seda cortados no viés. Um deles deixa uma calcinha fio dental com strass à mostra.
O designer também segue recuperando o passado para fazê-lo parecer futurista. Ele afirma que olhar para trás não significa nada se não pudermos encontrar algo para levar conosco rumo ao futuro.
O resultado disso nas roupas tem um quê de anos 1980, entre um new wave em preto e branco e mulheres que poderiam estar em um filme de ficção científica rodado naquela década. A silhueta brinca com as formas femininas de um jeito quase alienígena, meio Thierry Mugler. Há conjuntinhos com bordados, vestidões esculturais, grafismos e materiais que brilham a depender da luz, como cetim, lamê e couro prateado.
Schiaparelli, inverno 2025 alta-costura.
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O sapato é dramático com salto metálico. E vários elementos vêm da roupa do toureiro: montera bordada na cabeça, casaqueto com desenhos de folhas em fios metálicos, ombros marcados, calça encurtada, cós elevado, tassels e pompons.
Ainda no mesmo texto, Daniel Roseberry conta que tudo isso saiu de uma reflexão sobre quando Elsa Schiaparelli deixou Paris e seguiu rumo a Nova York, nos anos 1940, para fugir da guerra. Ele diz que a coleção é dedicada àquele período, quando a vida e a arte estavam à beira do precipício. Mas dá para sentir também que o estilista fala de si nesta coleção: dessa coisa difícil que é propor um futuro sem deixar que o que veio antes nos assuste, nos paralise ou nos engula.
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