A Celine está de volta às passarelas e de cara nova. Que visual é esse, ainda não dá para afirmar com certeza. Depois de seis anos sob o comando de , a marca apresentou a primeira coleção com direção criativa de na manhã deste domingo (06.07), em Paris. Em sua estreia, o estilista estadunidense mostrou um pouco de tudo pelo qual a casa e ele próprio passaram.
Michael começou sua carreira na Balenciaga, sob a chefia de Nicolas Ghesquière. Ele ficou lá entre 2004 e 2008, ano em que assumiu o posto de diretor de design da Céline (na época, o nome tinha o acento agudo). Foram 10 anos trabalhando com . Ela saiu em dezembro de 2017, e ele logo em seguida. Em 2018, já ocupava o mesmo cargo na Ralph Lauren. Só pediu demissão em 2024, quando a LVMH ofereceu a direção criativa de sua terceira maior marca.
Quem colocou a Celine logo atrás da Dior e da Louis Vuitton em volume de vendas foi seu antecessor Hedi Slimane. Segundo análises de mercado, o estilista francês mais do que dobrou o faturamento da grife durante sua gestão. Phoebe foi sucesso de crítica. Slimane foi estouro comercial.
Celine, verão 2026.
Foto: Divulgação
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Tudo isso é importante para entender o que rolou na estreia de Michael Rider. Em entrevista a jornalistas após o desfile, o diretor criativo disse que não queria apagar o que veio antes. Para ele, os vários estilos da etiqueta (foram oito diretores desde sua criação em 1945) servem de fundação para construir algo novo.
O senso de continuidade ou de evolução calculada tem a ver com o cenário complicado do mercado de luxo. As vendas estão lá embaixo na China, e um tanto de incertezas em mercados importantes, como Estados Unidos e Europa, tem deixado muita gente receosa em relação às compras. Sem contar as mudanças comportamentais e geracionais nos costumes e na percepção de valores.
O verão 2026 da Celine, então, é uma espécie de reconhecimento de terreno e seleção de códigos que podem informar os próximos passos. O desfile abre com camisa e calça superskinny, ambos jeans, e um blazer bege, levemente oversized. O abotoamento alto, um pouco deslocado para o lado, imprime um desenho inusitado, quase estranho.
Celine, verão 2026.
Foto: Divulgação
Celine, verão 2026.
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Celine, verão 2026.
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Preppy e anos 1980 estão na moda. Aqui, a tendência tem sotaque francês. É a combinação da nacionalidade do estilista e de seu último emprego com a origem da casa e a influência da burguesia parisiense dos anos 1970 e 80. Slimane se valeu bastante dessa parte do legado da maison. As silhuetas esguias são uma referência direta a suas criações. Michael, por sua vez, vai um pouco além. Ele experimenta com uma alfaiataria relaxada, com calças abaloadas e muitos recursos de styling – bijoux mil e, em especial, lenços.
Phoebe Philo usou bem esse acessório. Não é difícil identificar de onde vêm algumas ideias da coleção. Da antiga chefe, o diretor recupera ainda as construções estruturadas, as proporções afastadas do corpo, a simplicidade glamourosa para os looks de festa e a bolsa Phantom, lançada por ela e agora reeditada.
Embora adoradas por toda uma horda de consumidores e responsáveis por posicionar a Celine entre as marcas mais influentes, as roupas de Phoebe nem sempre eram das mais fáceis. Algumas vezes, eram bem complicadas. Parece que isso também voltou.
Celine, verão 2026.
Foto: Divulgação
Celine, verão 2026.
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Celine, verão 2026.
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Estreias não são fáceis. O fato de a etiqueta não ter uma identidade própria definida – ela é mais lembrada pela imagem de quem a comandava – só complica. Hoje, relevância, assinatura, visual singular não se consegue com uma única peça, com um produto. Aconteceu com o New Look da Dior, com a jaqueta Chanel, com a bolsa Bamboo da Gucci, com as malas da Louis Vuitton. Não mais.
Agora, o que pega é o estilo, a atitude, o jeito de usar. Michael está bem ligado. O styling do seu début não foi tão marcante à toa. Acontece que essa estratégia leva tempo. É uma construção complexa, em várias camadas. Qual é a cara da nova Celine, só saberemos daqui a algumas coleções (e se seus chefes deixarem).