Celine, verão 2026

6 Min de Leitura

A Celine está de volta às passarelas e de cara nova. Que visual é esse, ainda não dá para afirmar com certeza. Depois de seis anos sob o comando de , a marca apresentou a primeira coleção com direção criativa de na manhã deste domingo (06.07), em Paris. Em sua estreia, o estilista estadunidense mostrou um pouco de tudo pelo qual a casa e ele próprio passaram.

Michael começou sua carreira na Balenciaga, sob a chefia de Nicolas Ghesquière. Ele ficou lá entre 2004 e 2008, ano em que assumiu o posto de diretor de design da Céline (na época, o nome tinha o acento agudo). Foram 10 anos trabalhando com . Ela saiu em dezembro de 2017, e ele logo em seguida. Em 2018, já ocupava o mesmo cargo na Ralph Lauren. Só pediu demissão em 2024, quando a LVMH ofereceu a direção criativa de sua terceira maior marca.

Quem colocou a Celine logo atrás da Dior e da Louis Vuitton em volume de vendas foi seu antecessor Hedi Slimane. Segundo análises de mercado, o estilista francês mais do que dobrou o faturamento da grife durante sua gestão. Phoebe foi sucesso de crítica. Slimane foi estouro comercial.

Celine, verão 2026.

Celine, verão 2026.
Foto: Divulgação

Celine, verão 2026.

Celine, verão 2026.
Foto: Divulgação

Celine, verão 2026.

Celine, verão 2026.
Foto: Divulgação

Leia mais:

Tudo isso é importante para entender o que rolou na estreia de Michael Rider. Em entrevista a jornalistas após o desfile, o diretor criativo disse que não queria apagar o que veio antes. Para ele, os vários estilos da etiqueta (foram oito diretores desde sua criação em 1945) servem de fundação para construir algo novo.

O senso de continuidade ou de evolução calculada tem a ver com o cenário complicado do mercado de luxo. As vendas estão lá embaixo na China, e um tanto de incertezas em mercados importantes, como Estados Unidos e Europa, tem deixado muita gente receosa em relação às compras. Sem contar as mudanças comportamentais e geracionais nos costumes e na percepção de valores.

O verão 2026 da Celine, então, é uma espécie de reconhecimento de terreno e seleção de códigos que podem informar os próximos passos. O desfile abre com camisa e calça superskinny, ambos jeans, e um blazer bege, levemente oversized. O abotoamento alto, um pouco deslocado para o lado, imprime um desenho inusitado, quase estranho.

Celine, verão 2026.

Celine, verão 2026.
Foto: Divulgação

Celine, verão 2026.

Celine, verão 2026.
Foto: Divulgação

Celine, verão 2026.

Celine, verão 2026.
Foto: Divulgação

Preppy e anos 1980 estão na moda. Aqui, a tendência tem sotaque francês. É a combinação da nacionalidade do estilista e de seu último emprego com a origem da casa e a influência da burguesia parisiense dos anos 1970 e 80. Slimane se valeu bastante dessa parte do legado da maison. As silhuetas esguias são uma referência direta a suas criações. Michael, por sua vez, vai um pouco além. Ele experimenta com uma alfaiataria relaxada, com calças abaloadas e muitos recursos de styling – bijoux mil e, em especial, lenços.

Phoebe Philo usou bem esse acessório. Não é difícil identificar de onde vêm algumas ideias da coleção. Da antiga chefe, o diretor recupera ainda as construções estruturadas, as proporções afastadas do corpo, a simplicidade glamourosa para os looks de festa e a bolsa Phantom, lançada por ela e agora reeditada.

Embora adoradas por toda uma horda de consumidores e responsáveis por posicionar a Celine entre as marcas mais influentes, as roupas de Phoebe nem sempre eram das mais fáceis. Algumas vezes, eram bem complicadas. Parece que isso também voltou.

Celine, verão 2026.

Celine, verão 2026.
Foto: Divulgação

Celine, verão 2026.

Celine, verão 2026.
Foto: Divulgação

Celine, verão 2026.

Celine, verão 2026.
Foto: Divulgação

Leia mais:

Estreias não são fáceis. O fato de a etiqueta não ter uma identidade própria definida – ela é mais lembrada pela imagem de quem a comandava – só complica. Hoje, relevância, assinatura, visual singular não se consegue com uma única peça, com um produto. Aconteceu com o New Look da Dior, com a jaqueta Chanel, com a bolsa Bamboo da Gucci, com as malas da Louis Vuitton. Não mais.

Agora, o que pega é o estilo, a atitude, o jeito de usar. Michael está bem ligado. O styling do seu début não foi tão marcante à toa. Acontece que essa estratégia leva tempo. É uma construção complexa, em várias camadas. Qual é a cara da nova Celine, só saberemos daqui a algumas coleções (e se seus chefes deixarem).

Compartilhe este artigo